Fracasso.
Em todos os meus textos existem uma ponta de ódio e todo o resto de contemplação pelos fracassos da minha vida. Até naqueles que são completamente inventados, existe lá a melancolia e a autopiedade, numa súplica de ser afagado, pois, como alguém poderia sofrer tanto?
Neste ano que se encerra, coloquei duas coisas que queria fazer. Finalizar meu ciclo e entrar na ordem dos advogados e conseguir minha carteira de habilitação.
Fracassei em ambas, de formas diferentes.
Na primeira, por três vezes, com notas escandalosamente ruins. Falta de técnica. Em alguns momentos, de conhecimento. Enfim, me faltou ser, no fim, eu.
Na segunda, deixei de ir. Coloquei desculpas e motivos para não comparecer. Bobagem minha? Talvez.
Estou desde quando soube da reprovação na ordem remoendo esses dois fracassos.
A reprovação doeu. Dessa vez doeu bastante.
Eu tinha certeza que ia conseguir. Estava bem, confiante. Então, nada.
Este é meu erro. Priorizar os fracassos. Como se o aprendizado fosse mais importante que a vitória por si só. Não nego, é importante, sim. Muito. Aprender com os erros é fundamental, acertar é bem melhor.
Então, em um ano onde eu passei a morar sozinho, aluguei meu apartamento, viajei, beijei, aproveitei, ri, quase não chorei. Senti saudade e senti vontade, abri uma empresa, estabilizei outra, fiz meu nome, escrevi outro livro, publiquei artigos, recebi ofertas e propostas, fui chamado pra ser professor, conquisei amigos, mulheres, colegas, conquistei independência em vários aspectos, o que me sobra é… Tristeza?
Sim. Sou assim. Sou muito bom pra colecionar fracassos. Não aceito perder. E não vou.
Ontem, queria desistir. Hoje, quero vencer.